quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quebra-cabeça.

Dedicado à Biazinha.



Ela não estava completamente recuperada, ao mínimo deslize, nas esquinas mais estreitas ela se perdia lentamente e retornava ao mesmo lugar, a conhecida rua escura onde seu coração se encontrava, partido.
Não correu mais, não chorou, não pediu para ninguém ficar ao lado dela dessa vez, só sentou-se ao lado de seu orgão partido e tentou juntar os pedaços, mas não havia mais jeito, cada parte daquele coração a fazia lembrar dela mesma, pedaços deformados para os quais não havia encaixe.
Sentia novamente a dor da rejeição e sabia que não poderia culpar ninguém a não ser ela mesma, seus olhos tornaram-se pretos e suas palavras breves e sem esperança. Ninguém notava, o mundo fica alheio a dor do outro para não lembrar da sua própria.
Existe uma tortura maior do que a de um amor acabado, mesmo esse amor sendo um cabo de aço que nenhuma força conseguia quebrar...A dor maior está na falta de alguém para encaixar-se perfeitamente aos restos mortais de um coração.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ao entrar.

Desceu do ônibus e olhou em volta, era hora de tomar outra grande decisão. Respirou fundo e desceu a rua sempre buscando o caminho na memória, "os dias bonitos se foram", pensava ela com um aperto no coração enquanto segurava o guarda chuva com uma das astes quebradas. Realmente a garota de cabelos cor de marfim tinha razão, os dias bonitos tinham acabado por enquanto, era abril e só havia cinza em volta, seu pessimismo não a permitia lembrar que em setembro os dias voltam a ser iluminados pelo sol, talvez ela não quisesse lembrar de setembro.
Chegou na última curva da rua sem saída, tudo havia sido deixado para trás naquele final de semana, o amor de sua vida tinha ido embora para sempre e tudo o que restava era o consolo que ela encontrava atrás daquele portão para o qual olhava agora.
Não quis tocar a campainha, ligou para a solução instantânea de seus problemas, a empregada abriu o portão, ela entrou sem jeito, antes de subir as escadas olhou para aquele piso cinza, viu sua vida passar em frente aos seus olhos e não conseguiu mais imaginar o futuro, "era assim que ele queria", subiu as escadas secando as lágrimas, suspirou e colocou um sorriso no rosto.
É mais uma nova história, com aquela mesma data.

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